METODOLOGIA

Com o intuito de abarcar diversos aspectos de um setor complexo, o Mapeamento da Animação no Brasil recorreu a três instrumentos.

O primeiro foi um questionário on-line enviado a produtoras, freelancers e autores individuais que constavam do mailing do Anima Mundi. O link também foi divulgado em redes sociais, distribuído por parceiros e associações do setor. O convite para participar foi reforçado em telefonemas feitos diretamente aos produtores. Ao todo, o período de coleta foi de 5 de fevereiro a 3 de maio de 2019.

A elaboração das questões inspirou-se em pesquisas semelhantes realizadas no Canadá, na Europa e na Ásia, com acréscimos e adaptações feitas a partir da experiência da empresa responsável pelo levantamento, a JLeiva Cultura & Esporte, comentários dos dois especialistas que deram consultoria para o trabalho e sugestões de um comitê consultivo – formado por 60 pessoas, entre realizadores independentes, dirigentes de produtoras, de faculdades, associações e do próprio Anima Mundi. Essa etapa resultou num questionário com aproximadamente 45 perguntas (nem sempre as mesmas para empresas e freelancers), que alcançou mais de 1.700 produtores, dos quais 455 responderam à pesquisa.

O segundo instrumento, voltado para ampliar a compreensão do contexto, do desenvolvimento do setor e de seus gargalos, consistiu em entrevistas em profundidade com 18 representantes da cadeia da animação: órgãos públicos, patrocinadores/incentivadores, instituições de ensino, distribuidores, exibidores, festivais, associações e fabricantes de softwares. As conversas ocorreram entre março e maio de 2019.

O terceiro instrumento, usado para entender pormenores da atividade sob a perspectiva dos trabalhadores do segmento, foi um grupo focal realizado em abril, em São Paulo, com dez pessoas – como produtores, animadores 2D, animadores de stop motion, roteiristas e editores de som.

LIMITES

Apesar do ineditismo e da riqueza de informações colhidas por este trabalho, há limitações que convêm ser consideradas. Como são escassas as informações oficiais acerca de financiamento, distribuição, produção, empresas e profissionais do setor, é possível que atores relevantes tenham ficado de fora e que aspectos importantes tenham sido pouco explorados.

É difícil dizer, por exemplo, se a concentração dos respondentes no eixo Rio-São Paulo reflete a realidade ou embute vieses dos mailings em que a distribuição do questionário se baseou. As restrições de orçamento e prazo levaram à realização do grupo focal em uma única cidade (São Paulo), o que dificulta uma compreensão mais ampla sobre o cotidiano dos trabalhadores da área.

O período de entrevistas e coleta de respostas coincidiu com um cenário de mudanças – e expectativas de mudanças – nem sempre claro, em especial relacionadas ao financiamento público da cultura no Brasil, à atuação da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e à alteração de estratégia de um dos maiores patrocinadores da animação, a Petrobras. Assim, é provável que algumas respostas, principalmente em relação a previsões e perspectivas para o setor, estivessem datadas antes mesmo da conclusão da pesquisa.

Além disso, certos temas mostraram-se intrincados. Empresas e freelancers explicitaram nos comentários ao questionário a dificuldade de responder a perguntas sobre faturamento (inclui ou não dinheiro incentivado, por exemplo?) e, especialmente, sobre orçamento.

Este último ponto vale uma observação à parte. A pergunta que pedia para indicar quanto a empresa ou o profissional cobra para executar alguns serviços ou desenvolver uma obra não pretende resultar em tabela de preços, piso ou algo do tipo. A ideia foi apenas ter uma estimativa, dentro das limitações possíveis, dos valores com os quais o segmento atua. Vários respondentes deixaram claro que os números variam enormemente, de acordo com a complexidade do serviço ou da obra.